Exército faz obras no entorno do Complexo Esportivo do Ibirapuera sem autorização do Iphan, mas com alvará da Prefeitura de SP

Seja bem-vindo
Santa Luzia,22/01/2025

  • A +
  • A -

Exército faz obras no entorno do Complexo Esportivo do Ibirapuera sem autorização do Iphan, mas com alvará da Prefeitura de SP

g1.globo.com
Exército faz obras no entorno do Complexo Esportivo do Ibirapuera sem autorização do Iphan, mas com alvará da Prefeitura de SP


Objetivo é construir edifício de 14 andares, cerca de 42m para moradia de militares. Altura é três vezes maior que o máximo de 15m permitidos desde que tombamento da área foi aprovado, em novembro. Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, na região do Parque Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo.
Divulgação/GESP
Seis dias após o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovar o tombamento definitivo do Complexo Esportivo do Ibirapuera, onde fica o ginásio do Ibirapuera, na Zona Sul, a Prefeitura de São Paulo autorizou que os militares construam um edifício de 14 andares (cerca de 42 metros) na área de entorno do complexo. O projeto prevê 73 unidades residenciais, com 11.387 m² de área construída.
Após a emissão do chamado TCAEP (Termo de Consentimento para Atividade Edilícia Pública), as obras tiveram início. Diariamente os moradores acompanham a movimentação de caminhões, escavadeiras e técnicos.
Dentro do terreno de mais de 120 mil m² está a chamada “área envoltória” do Complexo Esportivo do Ibirapuera, inclusa no tombamento.
De acordo com a ata do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do Iphan, a altura máxima permitida para construções nesta área é de 15 metros.
'Prejuízo à ambiência'
Durante a reunião que decidiu pelo tombamento definitivo, em 12 de novembro, a conselheira relatora, Flávia Brito Nascimento, argumentou que qualquer construção na área poderia "prejudicar a ambiência" do bem tombado.
Ao longo de todo o processo, que culminou com a aprovação da preservação deste patrimônio histórico, houve uma tentativa de reduzir a área de entorno, mas a relatora foi contra. Ficou delimitado, portanto, conforme previsto no tombamento provisório de 2021.
Vivian Barbour, urbanista e advogada da Associação de Moradores da Vila Mariana, afirma que notificou a prefeitura e o Iphan sobre a irregularidade da obra, solicitando a anulação ou a suspensão do TCAEP.
“Apesar da deliberação, o alvará viola as diretrizes do tombamento. É incontornável a preservação do patrimônio”, observa.
Vivian ressalta que aprefeitura não havia sido formalmente notificada sobre o tombamento, o que levou a associação a protocolar uma denúncia. Mesmo assim, as obras continuam.
Tombamento não foi homologado
A ata da reunião que decidiu pelo tombamento do Complexo Esportivo do Ibirapuera foi publicada no último dia 6, após ser consolidada com todas as assinaturas necessárias.
Falta, agora, a realização de “aferições jurídicas” e a homologação do tombamento, sem prazo previsto.
O Iphan afirma que a obra para a construção de moradia para militares não está autorizada, e que esta aprovação é necessária no caso de bens tombados.
O instituto diz ainda que a Prefeitura de São Paulo foi notificada nesta segunda (9) sobre o tombamento definitivo do complexo e a abrangência da “poligonal de entorno”, em que qualquer intervenção deve ser objeto de avaliação pelo Iphan.
Vídeos gravados por moradores do entorno nesta terça (10) mostram, no entanto, que a movimentação de caminhões continua.
O que diz a prefeitura
A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) afirma em nota que o Termo de Consentimento para Atividade Edilícia Pública (TCAEP) foi emitido após mais de dois anos de análise técnica.
“O processo foi aprovado com parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que delimitou a área envoltória, excluindo o perímetro da edificação em questão. Na data da emissão do alvará, não havia qualquer alteração oficial sobre a área envoltória.”
A prefeitura diz que, de acordo com a Lei de Zoneamento, o local da edificação é classificado como Zona de Ocupação Especial (ZOE), e que em agosto foi encerrada a consulta pública referente à área.
Em outubro - portanto, antes da decisão do Iphan - a Câmara Técnica de Legislação Urbanística (CTLU) aprovou os parâmetros urbanísticos da ZOE, como coeficiente de aproveitamento, gabarito de altura máxima, usos permitidos e outros critérios técnicos.
“A decisão considerou o entorno da área e teve anuência do COMAER, do Metrô e aprovação do Iphan”, finaliza a nota.
O que diz o Comando Militar do Sudeste
“O Comando Militar do Sudeste informa que a obra em comento está no bojo do Projeto Colégio Militar de São Paulo, sendo uma torre residencial de moradia para os militares previstos para movimentação para São Paulo-SP, os quais mobiliarão os cargos daquele Estabelecimento de Ensino.
A obra foi iniciada – e assim se mantém – após a emissão do devido TCAEP, em 18 de novembro de 2024, pela Prefeitura Municipal de São Paulo, uma vez que todos os requisitos para a sua concessão foram atingidos, dentre os quais:
1) respeito à área envoltória do Tombamento vigente, publicado no DOU nº 67, de 8 de abril de 2024;
2) consulta popular vencida por ampla maioria para intervenção em área de Zona de Ocupação Especial;
e 3) aprovação de intervenção em Zona de Ocupação Especial na 120ª Reunião da CLTU/SMUL, ocorrida em 21 de outubro de 2024.
Quanto ao alegado sobre a publicação da Ata da 106ª Reunião do Conselho Consultivo do Iphan, o CMSE informa que este Comando não foi notificado dessa publicação e, tampouco, da publicação da referida Ata em Diário Oficial da União.”




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.